JSD responde a radicalismo do Ministro Manuel Heitor
A entrada no ensino superior é sempre uma fase muito particular da vida dos estudantes portugueses. Frequentemente implica a mudança de cidade, de estilo de vida e até de amigos. Nesse sentido é uma fase de redescoberta, de mudança e de abertura a novas experiências.
A praxe académica praticada em Portugal tem raízes antigas e, quando bem realizada, promove a integração de forma recreativa, lúdica e pedagógica. É uma integração num meio desconhecido, feita por colegas que se disponibilizam a ajudar e apoiar voluntariamente a inclusão dos mais novos.
Tudo o mais, todos os excessos, são práticas altamente recrimináveis e que cabe a todos denunciar. As sessões de praxe, de prática voluntária, a que o Sr. Ministro erradamente se referiu como “praxes”, quando praticadas de acordo com os princípios e fundamentos corretos resultam em momentos de bom convívio. Contudo, numa sociedade séria e evoluída devemos rejeitar tomar a parte pelo todo ou o todo pela parte. Temos, isso sim, de com espírito crítico e seriedade, sem embarcar em considerações que demonstram falta de conhecimento da realidade, preconceito de gabinete ou mero populismo, tratar de forma diferente o que é diferente.
O largo conjunto de personalidades que assinou uma carta a favor da criação de alternativas à praxe, carta essa que respeitamos e consideramos positiva, assume uma postura diferente do radicalismo do Senhor Ministro nas declarações na Assembleia da República, nas quais considera a praxe uma “prática fascizante”. Prática fascizante é cair no erro de tratar de forma igual o que é diferente, é não distinguir o bom do mau, e é não perceber que em todas as atividades há quem as execute bem e quem as execute mal. Em todas, há quem as execute para o bem e quem as execute para o mal. Prática fascizante é achar-se dono de uma razão universal, é proibir todas as práticas apenas porque em alguma se verificam desvios.
Não concordamos nem nos revemos nestas declarações. Um radical é alguém com os pés firmemente plantados no ar e o Sr. Ministro, com estas declarações, demonstra que continua muito longe da realidade vivida no terreno das instituições de ensino superior.